23.11.10

Digital&Confused

Há exatos 7 meses saí em busca da chamada "vida digital" e de me tornar o tão famigerado híbrido-on-off-propagation-whatever-planner. No dia-a-dia, muitas coisas mudaram e outras nem tanto. Mas o saldo é um bajilhão de aprendizados. E aí resolvi reunir alguns sob a série de posts Digital&Confused. Espero que nos ajude a entender tudo isso melhor. =)


Digital&Confused: Storybuilding instead of Storytelling

The Future Of Advertising da Fast Company descreve a agonia do mefcado [e profissionais] offline tentando fazer sua migração para o universo on. E disso sobram alguns aprendizados valorosos:

EM primeiro lugar, "There's never been a better time to be in advertising," says Aaron Reitkopf, North American CEO of digital agency Profero.

"Creative teams now need to behave more like improv actors -- "story building" instead of storytelling -- so they can respond in real time to an unpredictable audience. Marketing actually needs to be useful -- "use-vertising" instead of advertising -- which means that you must think more like a product developer than an entertainer. While campaigns once promised glossy anthemic concepts, perfected before being shipped off to the waiting client, digital is incremental, experimental, continually optimized -- "perpetual beta" -- and never, ever finished."

" The death of mass marketing means the end of lazy marketing. At agencies, the new norm is doing exponentially complex work. Think of the 200 Old Spice YouTube videos whipped up by Wieden+Kennedy in 48 hours. "Creating more work for less money is the big paradox," says Matt Howell, president of the Boston agency Modernista."

Um tratado muito lúcido sobre as particularidades do digital thinking, o novo tipo de relação entre cliente e agência[s] e o problema central dessa grande transição: too much ego.

"Says Victors & Spoils chief creative officer Evan Fry: "I think the new model is scary because all of us in the ad industry want to feel, at least from a creative point of view, that we have something no one else has. So if you're really good at it, you had to go to Creative Circus or Portfolio Center; you had to pay for it."

Queria que os profesores das faculdades de propaganda falassem algumas dessas coisas.

http://bit.ly/g3UzMs

22.11.10

SMILE OR DIE: A TIRANIA DO SEGREDO

Barbara Ehrenreich, political activist for RSA talks.
Muita lucidez sobre os dois principais problemas dessa tirania do think positive:
1 - Delusion is a mistake: There's a willfull ignorance that nobody can think bad thoughts and nothing bad can happen.
2 - It's cruel to take people that have great difficulties in their lives and tell them ïts all in your head" and "you only have to change your attitude".

25.10.10

THE OWNER OF BLUE





KLEIN tem sido trending topics da vida. pelo azul. por blue da Regina Spektor. por estarmos travando nossa sensibilidade a cada dia que passa. por ter virado a arte contemporanea de cabeça para baixo com uma carreira de "apenas" 8 anos. pela busca por pureza. pela sensibilidade imaterial. por tudo.

E eis que está rolando uma exposição respeitável na gringa: With The Void, Full Powers.
Mas como não estamos por lá, recortes do programa e reviews sobre the painter of space:

"The show makes the case that Klein's single-hued work defined his aesthetic not just because he 'owned blue' (as some like to quip), but because of his clever pursuit of suspending everyday perceptions to create a heightened reality, or what he called immaterial sensibility."

"He self-identified as “the painter of space,” seeking to achieve immaterial spirituality through pure colorprimarily an ultramarine blue of his own invention, International Klein Blue. Through these and other experiments Klein aimed to reachbeyond the problematic in artand rethink the world in spiritual and aesthetic terms, creating a pivotal transition between modern art’s concern with material objects and contemporary notions about the conceptual nature of art."

Tá insensível?
Então olha para os arquivos desse monstro da arte contemporanea e lembra que o mundo é grande.
E azul.

5.4.10

SOBRE ESCOLHAS, EXPECTATIVAS E VAMPIROS



Dia desses um amigo compartilhou o TED do psicólogo Barry Schwartz, autor do livro "O paradoxo Da Escolha", que argumenta sobre como o excesso de escolhas que fazemos todos os dias gera um grande mal estar. Para ele, ao realizar uma escolha, automaticamente sentimos que estamos perdendo outras oportunidades. Ou seja, a possibilidade de arrependimento é proporcional ao número de opções disponíveis.



Em um contexto tão complexo e estressante, talvez o papel das marcas não seja oferecer 30 variantes, mas sim encontrar uma forma de facilitar tais escolhas. O Luiz Matropietro fez um post muito interessante sobre isso lá no Estalo há um tempo atrás. Esse é inclusive um dos principais argumentos do Chris Anderson em seu último livro, "Free!", no qual o autor defende que oferecer um produto ou serviço de graça ameniza a possibilidade de uma escolha ruim, deixando o consumidor mais tranquilo e mais seguro.



O problema é que a angústia gerada pelas escolhas vem de um traço muito mais complexo: o excesso de expectativas. Seja folheando uma revista feminina ou um livro de auto-ajuda, é possível perceber que a felicidade é quase impossível em uma sociedade tão aturdida por expectativas estratosféricas. Barry Schwartz afirma que essa é a principal razão dos altos níveis de depressão e suicídio na sociedade atual.

Tudo isso porque, de acordo com o psicólogo, desejamos que tudo seja "incrível" e "perfeito", mas o melhor que podemos esperar é que alguma coisa seja tão boa quanto idealizamos anteriormente. Dessa forma, expectativas tão altas tornam impossível surpreender-se com as decisões tomadas e, consequentemente, com a vida de forma geral.



Esse contexto pode ser ainda mais caótico se considerarmos a geraçãoY e sua imensa dificuldade de tomar decisões. Para os chamados YEPPIES (Youn Experimenting Perfection-seekers), altas expectativas levam a um ciclo vicioso de constante experimentação, exaltação e frustração. "Crise dos 25" é uma conseqüência clara desses anseios superestimados.



Com tantas dúvidas e incertezas, nada mais natural que o desejo de adiar grandes tomadas de decisão, seja carreira ou relacionamento. Afinal, se a medicina obteve tantos avanços nos últimos anos, teremos todo tempo to mundo para fazer tais escolhas. E aí entra a famigerada "Síndrome de Peter Pan", desejo de juventude eterna responsável pelo seu amigo de 35 anos que ainda mora com os pais.



Posso estar delirando, mas acredito que tudo isso seja uma das maiores causas da histeria coletiva por vampiros e imortalidade que estamos vivendo. Crepúsculo, True Blood, Vampire Diaries e até Backstreet Boys estimulando o imaginário coletivo a pensar em como seria viver para sempre e, consequentemente, ter toda a eternidade para tomar decisões.



Em todas essas tramas, vampiros são apresentados como personagens envoltos numa atmosfera de tédio e melancolia, criaturas condenadas ao marasmo da vida eterna. Até que um deles [sempre] se apaixona por algum mortal, colocando a imortalidade em cheque e [re]descobrindo as maravilhas da vida humana. Apesar de frágeis, mortais preservam traços há muito abandonados pelos vampiros, tais como sensibilidade, euforia e uma capacidade única de surpreender-se e apaixonar-se pela vida.

E aí fico me perguntando se a sociedade em que vivemos realmente possui tais traços humanos. Em um cenário de tanta depressão e apatia, de acordo com Schwart, impulsionado pelo excesso de escolhas e expectativas, será que ainda conseguimos nos surpreender com a vida?

Talvez os vampiros é que sejam nossos reais semelhantes nos tempos atuais. Talvez o consumismo tenha desenvolvido melancolia e imortalidade ilusória em todos nós. Sendo assim, ao invés de almejar o lado misterioso, invencível e imortal, talvez devêssemos pensar mais em resgatar nosso lado humano, imperfeito, mortal e, acima de tudo, encontrar uma forma de nos surpreender novamente com as escolhas que fazemos no nosso dia-a-dia.



[via e-bay generation, Skull,nu, conversas com Stephanie Kohn e Edu Iguelka]